Memória da Comunicação

Nagib Chede fundou a primeira TV do Paraná em 1960

 

Nagib Chede foi o fundador da TV Paranaense, Canal 12, a primeira emissora de televisão do Paraná em 1960. Nessa entrevista, gravada em novembro de 2000, ele conta como surgiu a ideia.  A imagem acima é da Revista TV Programas.

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José Wille – Em 1960 o senhor fundou a primeira emissora de televisão do Paraná, uma emissora com pouco espaço, em dois apartamentos do Edifício Asa, no centro de Curitiba.

Nagib Chede – Em 1959 eu tive uma permanência prolongada nos Estados Unidos da América.  Lá, como dono de estação de rádio em Curitiba, tive boas relações com uma das maiores organizações de TV do mundo, que era a NBC de Nova Iorque. E travei esse bom relacionamento com o engenheiro desta emissora, que era de origem portuguesa, falava português, facilitando, porque eu tinha dificuldade no inglês. Aí ele me convidou para visitar a fábrica de equipamentos de rádio e televisão em Nova Jersey. Lá eu vi uma câmera de TV por 100 dólares, para fins de circuito fechado, de vigilância. Eu comprei essa câmera e trouxe para Curitiba, com vontade de ter uma televisão de circuito fechado em casa. Depois trouxe um técnico do Rio de janeiro que fez adaptações para que ela pudesse funcionar com os aparelhos de televisão existentes no Brasil. E aí nós colocamos um aparelho de TV com imagem, pela primeira vez, na loja Tarobá, na Avenida Luis Xavier, ligado à câmera em outro andar por fio, em circuito fechado. E começamos a passar filmes que eram vistos no televisor que ficava na vitrine da loja para o público. As pessoas se interessavam muito e paravam para ver diante da vitrine. Quem nunca tinha saído de Curitiba e ainda não conhecia a TV através de São Paulo ou Rio de janeiro, se reunia para ver os filmes que nós passávamos. Depois de um tempo, esse mesmo técnico entendeu de trazer um pequeno transmissor de televisão, que colocamos ligado a esta câmera no nosso edifício Marisa, na senador Alencar Guimarães. Então começamos a transmitir esses programas e filmes com pequeno alcance, mas com sinal que chegava até São José dos Pinhais.

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José Wille – Foi um período de teste antes de oficializar a emissora.

Nagib Chede – Foi um teste, que despertou o interesse do curitibano em adquirir televisores. Depois de uns três a quatro meses eu pretendia parar. Mas apareceram lá, no meu escritório, os três chefes das principais lojas que vendiam aparelhos de televisão. O Hermes Macedo, o Sérgio Prosdócimo, já falecido, e o Hélio da Madison. Eles pediram pelo amor de Deus que eu continuasse, pois estavam vendendo televisores e à prestação. E esperavam que os programas continuassem no ar. Aí a solução era oficializar isso. Então recorri ao meu grande amigo, já falecido, o governador Moysés Lupion. Expliquei a ele a situação e que estava bancando tudo sozinho. Estava fazendo tudo gratuitamente e espiritualmente, também. Aí o Lupion conseguiu marcar uma audiência com o presidente Juscelino Kubitscheck, que naquele tempo ficava no Rio de janeiro. Nós dois falamos com o presidente e ele determinou por escrito ao ministro do setor que concedesse um canal para nós, e veio a concessão do Canal 12.

José Wille – O senhor comprou a primeira câmera nos Estados Unidos já pensando em ter um canal de televisão, ou porque gostava de novidades eletrônicas?

Nagib Chede – Pela mania de gostar de eletrônica. Não pensei nisso. Não foi com o objetivo de fazer um canal de TV.

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