Memória

Memória: Um pioneiro do rádio no Paraná

 

José Wille Scholz ( 1925 – 1996 ) foi um pioneiro do Rádio Paranaense. Começou a trabalhar no rádio em 1946, em Curitiba. Ele havia saído do exército como sargento em sua cidade, a Lapa, após terminar o tempo de serviço militar, que havia sido ampliado pela segunda guerra Mundial. Foram dois anos de prontidão, com a possibilidade de ir para a Europa como integrante da FEB, a Força Expedicionária Brasileira.

Seu pai, Gustavo Adolfo Scholz, era um marceneiro que nasceu em Neustadt, na Alemanha. A família de sua mãe, Rosa Doepfer Wille, também veio da Alemanha. Gustavo Adolfo fabricava móveis, carroções e caleças (transporte de pessoas puxado por cavalos ) e móveis. E a família também construiu um hotel na Lapa.

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A fundação da Rádio Guairacá de Mandaguari em 1950.

 

Como a cidade da lapa não tinha oportunidades, na época, José Wille Scholz aceitou o convite do primo, o governador Moysés Wille Lupion de Tróia, na época um rico empresário que havia comprado a Rádio Guairacá em Curitiba. E assim foi trabalhar como discotecário, e depois na área administrativa da emissora. Passou anos convivendo com a movimentação da Guairacá na fase áurea do rádio paranaense.

Em 1950 Lupion, que tinha sido eleito governador, decidiu criar emissoras no interior paranaense, na época ainda sendo aberto. A região norte era considerada a “Amazônia” do sul do País. Trabalhando para Lupion, abriu três emissoras em cidades da região. E instalou e assumiu a gerência da Rádio Guairacá de Mandaguari, na época a principal cidade, e sede da maior comarca da região, englobando quase todo o norte novo. Posteriormente a cidade foi suplantada por Maringá.

Em Mandaguari ele tinha várias atividades: gerenciava a Rádio Guairacá, a empresa de aviação Real, que tinha ali o seu principal aeroporto do norte novo, e abriu uma loja de discos e uma livraria. Por dez anos ficou na gerência da Rádio Guairacá de Mandaguari.

No final dos anos 1950 a empresa de aviação Real deixou de atender a cidade, depois que a pista de terra foi julgada de tamanho insuficiente. Assim ele deixou de ter trabalho em Mandaguari, cidade que foi entrando em estagnação, principalmente depois que o prefeito Décio Pulin brigou com a Companhia Colonizadora Norte Paranaense, inviabilizando o progresso da cidade. Com isso Maringá passava a ser o novo polo da região, e Mandaguari, gradualmente, virou uma cidade satélite.

Por indicação de amigos, passou a trabalhar com transportadora, indo para a nova cidade de Paranavaí, no Noroeste, onde crescia, no início dos anos 60, a produção de café e de algodão. Seu trabalho era providenciar caminhões, através da transportadora, para levar a produção ao Porto de Paranaguá. Ali ele criou os seis filhos, todos homens. A rotina era pesada, já que o embarque de caminhões, nas épocas de safra, exigia o trabalho até tarde da noite. E seguidamente vinham os prejuízos, porque eram muito comuns os roubos de cargas nas precárias estradas do Norte Paranaense.

Em 1971, trabalhando como gerente para a transportadora Tamoyo, veio a oportunidade de se mudar para Curitiba, o que sempre foi o seu objetivo para poder dar ensino superior aos filhos. Continuou trabalhando com transportes até quando a saúde permitiu, no final dos anos 80. Com sacrifício e uma grande ajuda da esposa, a professora de tecelagem Zélia Scholz, dona da barraca número um da Feira de Artesanato de Curitiba, conseguiu formar os seis filhos. E ainda adotou mais um sétimo filho, que também concluiu a faculdade.

Morreu aos 70 anos, cumprindo sua maior missão: Deu estudo e profissão aos sete filhos: José Wille, jornalista; Cley Scholz, jornalista; Rene Scholz, professor; Marcelo Scholz, designer; Gustavo Adolfo Scholz, Agrônomo; Simão Pedro Scholz, jornalista e Carlos Silva, que adotou, se formou administrador. Todos os que o conheceram se referiam ao seu trabalho incansável, humildade, paciência e bondade.


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