Quando foi elevada à condição de vila, em 1693, Curitiba não passava de um pequeno núcleo de moradores espalhados em torno da futura Praça Tiradentes. Os primeiros registros indicam uma população de poucas centenas de habitantes, composta por tropeiros, agricultores e comerciantes atraídos pela posição estratégica da então “Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais”, ponto de passagem nas rotas que ligavam o litoral ao interior do Sul do Brasil.
Ao longo do século XVIII, o crescimento manteve-se lento, limitado pela economia de subsistência e pelo isolamento geográfico. Em meados de 1750, estima-se que Curitiba reunisse entre 1.500 e 2.000 moradores. A mudança de patamar ocorre no século XIX, com a elevação à condição de capital da recém-criada Província do Paraná, em 1853. Naquela época, a cidade tinha cerca de 7 mil habitantes — número modesto, mas suficiente para transformar o vilarejo em centro administrativo e político regional.
A chegada de imigrantes europeus — sobretudo italianos, poloneses, ucranianos e alemães —, a partir da segunda metade do século XIX, impulsionou decisivamente o crescimento. Em 1890, Curitiba aproximava-se de 25 mil moradores. Nas primeiras décadas do século XX, com a consolidação das colônias agrícolas ao redor da capital, a expansão do comércio e a implantação das ferrovias ligando o litoral ao planalto, a população saltou para cerca de 78 mil pessoas em 1920.
A urbanização ganhou ritmo mais acelerado a partir dos anos 1930 e 1940, acompanhando a industrialização do país. Em 1940, Curitiba já tinha aproximadamente 140 mil habitantes; em 1950, chegava a 180 mil. O grande salto ocorreu nas décadas seguintes. A partir dos anos 1960, a cidade tornou-se polo de atração para migrantes do interior do Paraná, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul e, posteriormente, do Sudeste e do Nordeste. A mecanização da agricultura no interior expulsou mão de obra do campo, enquanto a capital oferecia empregos na indústria nascente e no setor de serviços.
Em 1970, a população ultrapassava 600 mil pessoas. Em apenas 20 anos, o número de moradores mais do que dobrou: eram cerca de 1,3 milhão em 1990. O fenômeno não se limitou às fronteiras administrativas da cidade. Municípios vizinhos como São José dos Pinhais, Colombo, Pinhais, Araucária e Almirante Tamandaré passaram a absorver parte desse crescimento, formando o que hoje se conhece como Região Metropolitana de Curitiba (RMC). A conurbação — quando áreas urbanas de diferentes municípios se unem fisicamente — tornou-se realidade a partir da década de 1980.
Nos anos 2000, Curitiba já havia superado a marca de 1,7 milhão de habitantes. O último Censo confirmou a capital próxima dos 2 milhões de moradores, enquanto a região metropolitana ultrapassa 3,7 milhões. A expansão populacional trouxe ganhos importantes: diversificação econômica, fortalecimento do setor de serviços, consolidação de universidades, hospitais de grande porte e um sistema de transporte coletivo reconhecido internacionalmente como modelo de planejamento urbano.
Por outro lado, o crescimento acelerado também gerou desafios: adensamento urbano, pressão sobre a mobilidade, déficit habitacional em áreas periféricas e maior dependência da integração metropolitana. Muitos moradores passaram a viver em cidades vizinhas e trabalhar ou estudar na capital, ampliando fluxos pendulares diários.
No ranking das capitais brasileiras, Curitiba figura hoje entre as maiores do país. Está consolidada como a 8ª capital mais populosa, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte e Manaus, e à frente de capitais como Recife, Porto Alegre, Belém e Goiânia. Em importância regional, entretanto, exerce influência sobre praticamente todo o Paraná e parte expressiva do Sul do Brasil, funcionando como polo econômico, logístico, educacional e cultural.
A trajetória populacional de Curitiba reflete, em escala local, a própria história da urbanização brasileira: de pequeno núcleo colonial a capital administrativa, de polo imigratório a metrópole moderna, hoje conectada a uma ampla mancha urbana que ultrapassa seus limites formais. A “cidade planejada” construiu-se ao longo de mais de três séculos em meio a ondas migratórias, ciclos econômicos e decisões urbanísticas que moldaram não apenas sua paisagem, mas também o perfil humano que define a Curitiba contemporânea.